A Verdadeira História da Bíblia: Dos Manuscritos Antigos ao Livro que Temos Hoje
Você já parou para pensar em como a Bíblia se tornou… a Bíblia? Qual é a verdadeira história por trás do livro mais influente do mundo? Muitos não sabem, mas a Bíblia não é um livro único, e sim uma coleção de textos antigos com uma jornada fascinante.
Neste artigo, vamos embarcar em uma viagem pela história para desvendar essa trajetória. Consequentemente, descobriremos juntos quem escreveu seus livros, como a arqueologia revelou manuscritos perdidos e, finalmente, como tudo foi reunido para formar o livro que conhecemos hoje.
Pronto para uma aventura cheia de história e descobertas? Então, vamos lá!
Parte I: O Antigo Testamento (A Bíblia Hebraica ou Tanakh)
Primeiramente, é importante entender que o Antigo Testamento representa a coleção de escritos sagrados do povo de Israel. Sua formação foi um processo longo e gradual, que compõe a primeira parte da verdadeira história da Bíblia.
1. A Origem dos Textos e seus Autores
No início, os textos do Antigo Testamento não existiam como os vemos hoje. Na verdade, eles começaram como tradições orais, ou seja, histórias, leis e poesias que as pessoas passavam de geração em geração. A escrita só começou a registrar essas tradições por volta do século X a.C.
O Pentateuco (ou Torá): Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio.
Visão Tradicional: A tradição atribui a autoria desses cinco livros a Moisés.
Análise Acadêmica: Por outro lado, a maioria dos estudiosos modernos sugere que esses livros são uma compilação de pelo menos quatro fontes principais. Escribas e sacerdotes teriam escrito e editado essas fontes entre 950 a.C. e 450 a.C. Em outras palavras, não houve um único autor, mas sim uma escola de tradições que preservou esses textos.
Os Profetas (Nevi’im): Josué, Juízes, Samuel, Reis, Isaías, Jeremias, etc.
Autoria: Geralmente, os livros levam os nomes dos profetas que, segundo a tradição, entregaram as mensagens. No entanto, a análise textual mostra que, muitas vezes, discípulos ou escribas posteriores compilaram e editaram esses livros. O livro de Isaías, por exemplo, é amplamente reconhecido por ter pelo menos três autores diferentes, que escreveram em épocas distintas.
Os Escritos (Ketuvim): Salmos, Provérbios, Jó, Cântico dos Cânticos, etc.
Autoria: Esta é a coleção mais diversificada. A tradição, por exemplo, atribui muitos Salmos ao Rei Davi e os Provérbios ao Rei Salomão. Contudo, a análise acadêmica os vê como antologias, ou seja, coleções de orações, cânticos e sabedoria de vários autores ao longo de séculos.
2. Onde os Papiros e Manuscritos Foram Encontrados?
Os documentos originais, chamados de “autógrafos”, infelizmente se perderam no tempo. O que temos hoje são cópias de cópias. Felizmente, algumas descobertas arqueológicas nos aproximaram muito dos textos primitivos.
Manuscritos do Mar Morto: Sem dúvida, esta é a maior descoberta arqueológica relacionada à Bíblia. Arqueólogos encontraram esses rolos a partir de 1947 em cavernas perto do Mar Morto. Eles datam de 250 a.C. a 68 d.C. e continham fragmentos de TODOS os livros do Antigo Testamento, exceto Ester. Sua importância é gigantesca, pois nos forneceram cópias da Bíblia Hebraica 1.000 anos mais antigas do que as que tínhamos antes.
Papiros Egípcios: Além disso, o clima seco do Egito preservou muitos papiros, incluindo o Papiro Nash (c. 150 a.C.), que contém os Dez Mandamentos e a famosa oração “Shema Israel”.
3. A Composição da "Bíblia Antiga" (O Cânon Hebraico)
A reunião dos livros não foi um evento único, mas sim um longo processo de reconhecimento. Em resumo, as comunidades aceitavam os livros como sagrados se os considerassem divinamente inspirados e alinhados com a fé de Israel.
A Torá (Lei): Foi a primeira seção a ser considerada canônica, provavelmente por volta de 400 a.C.
Os Nevi’im (Profetas): Em seguida, foram aceitos por volta de 200 a.C.
Os Ketuvim (Escritos): Por fim, esta coleção permaneceu mais fluida. A decisão final sobre quais livros entrariam foi solidificada por volta de 90 d.C., no chamado Concílio de Jâmnia.
Parte II: O Novo Testamento
Em contraste com o Antigo Testamento, a formação do Novo Testamento foi um processo muito mais rápido, ocorrendo ao longo de aproximadamente 300 anos.
1. A Origem dos Textos e seus Autores e a verdadeira história da Bíblia
A verdadeira história da Bíblia continua com a vida e os ensinamentos de Jesus de Nazaré e a pregação de seus apóstolos. Inicialmente, tudo era transmitido oralmente.
As Epístolas Paulinas: Surpreendentemente, os primeiros documentos do Novo Testamento a serem escritos não foram os evangelhos, mas sim as cartas do apóstolo Paulo. A Primeira Epístola aos Tessalonicenses, por exemplo, escrita por volta de 50-51 d.C., é provavelmente o texto mais antigo do Novo Testamento. Paulo escreveu suas cartas para igrejas específicas, a fim de resolver problemas e ensinar doutrinas.
Os Evangelhos (Mateus, Marcos, Lucas e João):
Autoria: A igreja primitiva atribuiu a autoria a Mateus, Marcos, Lucas e João. Do ponto de vista acadêmico, os evangelhos são tecnicamente anônimos. A maioria dos estudiosos acredita que o Evangelho de Marcos foi o primeiro a ser escrito (c. 65-70 d.C.). Posteriormente, Mateus e Lucas usaram Marcos e uma outra fonte hipotética de ditos de Jesus, chamada “Fonte Q”, para compor seus próprios evangelhos. Por último, veio o Evangelho de João, escrito por volta de 90-100 d.C.
2. Onde os Manuscritos Foram Encontrados?
Assim como no Antigo Testamento, não temos os originais. Nossos artefatos mais preciosos foram encontrados principalmente no Egito, graças ao seu clima seco.
Fragmento P52 (Fragmento de John Rylands): Este é o mais antigo fragmento conhecido do Novo Testamento (c. 125-150 d.C.). Embora pequeno, ele contém algumas linhas do Evangelho de João, provando sua antiguidade. (Veja uma imagem em alta resolução na Sugestão de Link: Biblioteca da Universidade de Manchester).
Códices Completos: A mudança tecnológica dos rolos para os códices (o formato de livro que usamos hoje) foi crucial para a preservação. Como resultado, temos Bíblias quase completas muito antigas, como o Codex Vaticanus (c. 325-350 d.C.) (Explore o manuscrito digitalizado na Sugestão de Link: Biblioteca Digital do Vaticano) e o Codex Sinaiticus (c. 350 d.C.), que contém a mais antiga cópia completa do Novo Testamento. (Navegue por todo o códice no Sugestão de Link: Projeto Codex Sinaiticus).
Parte III: A Junção de Tudo - a verdadeira história da Bíblia que Temos Hoje
Então, como essas duas grandes coleções se tornaram um único livro? Este passo final nos ajuda a entender a verdadeira história da Bíblia.
A Septuaginta (LXX): Este foi um passo crucial. Por volta de 250 a.C., a comunidade judaica em Alexandria, no Egito, traduziu a Bíblia Hebraica para o grego. Esta tradução, a Septuaginta, incluía alguns livros que não entraram no cânon hebraico final (como Tobias e Judite). Os primeiros cristãos usaram a Septuaginta como seu Antigo Testamento, e é por isso que as Bíblias Católica e Ortodoxa têm mais livros que as Bíblias Protestantes.
A Definição do Cânon do Novo Testamento: Nos primeiros séculos, muitos livros cristãos circulavam. Portanto, a Igreja primitiva usou três critérios principais para decidir quais eram autoritativos:
Apostolicidade: Foi escrito por um apóstolo ou por alguém próximo a eles?
Universalidade: A maioria das igrejas já o aceitava e usava?
Ortodoxia: Seu ensino estava de acordo com a fé apostólica?
A Lista de Atanásio: Em 367 d.C., Atanásio, o bispo de Alexandria, escreveu uma carta listando os 27 livros do Novo Testamento que ele considerava canônicos. Esta é a primeira lista que corresponde exatamente ao Novo Testamento que temos hoje.
Da Vulgata à Imprensa: Concílios da Igreja confirmaram essa lista pouco depois. Em seguida, por volta de 400 d.C., Jerônimo traduziu toda a Bíblia para o latim, criando a famosa Vulgata, que se tornou a versão oficial no Ocidente por mais de 1.000 anos. Finalmente, a invenção da prensa por Gutenberg no século XV permitiu a produção em massa da Bíblia, e a Reforma Protestante impulsionou sua tradução para todas as línguas.
Por fim... entendemos a verdadeira história da Bíblia
Em suma, a Bíblia que você segura hoje não é um livro que simplesmente caiu do céu. Pelo contrário, ela é o resultado de um processo histórico, arqueológico e teológico incrivelmente rico.
Ela é um testemunho de milênios de fé, onde comunidades de pessoas escreveram, preservaram, copiaram, debateram e, finalmente, reuniram os textos que consideravam a palavra inspirada de Deus. Assim, a verdadeira história da Bíblia é a história de uma biblioteca divina com uma jornada profundamente humana.
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